Por: Félix de Souza
O meu nascimento se deu na morte.
Nasci de um parto espontâneo, do corpo enforcado de minha mãe. Ela se foi e tentou levar consigo a aberração que gerava no ventre. Eu já nasci lutando pela vida e tenho as cicatrizes até hoje.
Eu sou um pária. Um meio orc.
Eternamente preso entre dois mundos que nunca vão me aceitar como um deles.
Mas não sinta piedade de mim. Se você tiver alguma, guarde para quem merece. Até o final dessa historia você vai ver que eu sou um monstro, criado para ser um monstro. Eu não quero sua simpatia. Eu sobrevivi sem ela até hoje.
Eu só quero contar minha versão da história. Por quê? Porque se alguém pode encontrar essa historia e destruí-la?
Porque eu quero. Não importa que o mundo não conheça minha historia. Nada mais importa. Você que está lendo saberá.
E isso basta. Deve bastar.
Meu nome é Cyn.
Cyn dos Olhos Azuis. Pária, meio orc, criado para ser um monstro.
E essa é a minha historia.
Edgar Allan Poe tem uma legião de fãs, alguns deles seguem os passos de seu ídolo, a antologia Filhos dos Corvos traz a homenagem a este autor único, com poemas e contos inspirados em sua obra.
